Belém, Pará, Brasil
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O museu da Universidade Federal do Pará foi criado na década de 80 para identificar, difundir, preservar e valorizar a produção artística regional e nacional. O prédio escolhido para sediá-lo demonstrava uma rara atenção á arquitetura eclética que surgira na Amazônia como uma das mais importantes decorrências do chamado ciclo da borracha. Tendo como primeiro ocupante o governador Augusto Montenegro, de quem adquiriu o nome pelo qual se tornou conhecido: Palacete Montenegro, o edifício foi projetado pelo engenheiro Filinto Santoro por encomenda do próprio governador.
Formado pela Real Escola de Nápoles o projetista buscou referencias no renascimento italiano e importou, exclusivamente de seu país de origem, os materiais para a execução da obra. Pode-se supor que tenha empregado predominantemente operários italianos como era sua praxe de trabalho no Brasil.
As grades, do gradil externo e das esquadrias, elementos decorativos e luminárias externas foram trazidas de Milão, os mármores são também italianos, inclusive o dos capitéis das fachadas. Alguns elementos decorativos das fachadas, "putti", leões e florões em massa, podem ter sido executados no local, porém certamente com moldes ou desenhos de projeto.
Os forros são em madeira ou metal. Os de madeira receberam elaboradas composições na própria madeira ou em pinturas decorativas como as de “grotesco” na sala de visitas do andar principal. Os metálicos são compostos por chapas prensadas e pintadas, o da sala de jantar em petit bronze e o do gabinete do governador em meticulosa pintura decorativa.
As paredes foram decoradas em diversos motivos, na parte superior mais simples, listas ou florais, no pavimento térreo numa exuberância de motivos executados com moldes. Na sala de visitas são flores e pavões em dourado e vermelho, na sala de jantar pintura marmorizada. Um caso excepcional é o arco divisório entre as salas de visita e de jantar. Duas colunas sustentam o arco duplo que tem um escudo central com as iniciais do governador. Nas laterais ramos de café e de cacau, riquezas do Pará no período colonial.
Os pisos são em madeiras regionais, assim como as "boiseries" que substituem os rodapés de acabamento. O desenho de cada sala é diferente dos das anteriores e elaborado segundo a importância do ambiente onde se situa. Diferem os pisos do hall de entrada, em mosaico genovês, e os das varandas que são em ladrilhos hidráulicos do inicio do século XX. Notável, ainda as referencias á flor de lis, símbolo da França, que existem nos capitéis, e nos vidros decorados externos e internos demonstrando o apego do governador á aquele país onde viveu como adido cultural do Brasil. As ferragens são em bronze e algumas portas tem maçanetas em desenho art-nouveau.
Outros elementos ainda merecem destaque. Das luminárias originais pouco se preservou, porém, permanecem oito apliques em prata assinados e referenciados pela empresa alemã WF. A escada, cujo arranque é em faixas de madeira encaixada, tem uma curva sinuosa formando um dos pontos mais atrativos do Museu. O sistema construtivo, usando arcos em metal e tijolo é considerado inovador para a época e até hoje chama a atenção dos técnicos de engenharia que visitam o prédio.
Infelizmente não foram conservados os banheiros, em mármores italianos, ou as áreas de serviço das quais pouco se sabe.
O jardim foi incorporado ao conjunto nos anos 1948-50. A família que ocupava o prédio nessa fase comprou seis residências que eram situadas na avenida Generalíssimo Deodoro e as demoliu para construir um jardim de gosto neoclássico com caramanchões, estátuas em massa de origem belga e um chafariz central no qual usaram como peça central um elemento de origem francesa.
Nos anos 60 a residência foi comprada pela Universidade Federal do Pará para ser a sede da Reitoria. Foi então reformada e, sendo o período da ditadura militar, foi despojado da maioria dos detalhes decorativos considerados inadequados a um prédio de uso oficial. Em 82 a Reitoria deslocou-se para o Campus e o prédio foi destinado aio Museu da UFPA criado em 83 e instalado em 85.
Estranhamente não foi previsto um acervo próprio e em conseqüência o Museu não possuía reserva técnica nem verba para adquirir obras.
O Museu foi dirigido pelos professores: Jane Beltrão, Geraldo Mártires Coelho, João Mercês, Vicente Salles e Lúcia Couceiro, até a virada do século XXI, tendo tido variados direcionamentos de galeria de arte a centro de documentação. Em 2003 assume Jussara Derenji.
O prédio e a instituição chegaram aos anos 2000 em péssimo estado de conservação e não tendo condições mínimas de funcionamento.
Durante um longo período entre os anos 1990 e início dos anos 2000 o palacete sofreu inúmeras perdas em sua arquitetura por falta de recursos financeiros a sua manutenção. O museu neste período já se encontrava em péssimas condições de conservação. Em 2003 o palacete Augusto Montenegro é tombado pelo Governo do Estado do Pará enquanto Patrimônio Histórico e, no mesmo ano, assume enquanto diretora do MUFPA a professora e arquiteta Jussara Derenji.
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